The Japan Times - Ouro negro, promessas verdes: o paradoxo climático do Brasil

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Ouro negro, promessas verdes: o paradoxo climático do Brasil
Ouro negro, promessas verdes: o paradoxo climático do Brasil / foto: Pablo PORCIUNCULA - AFP/Arquivos

Ouro negro, promessas verdes: o paradoxo climático do Brasil

O petróleo pode servir para custear o seu próprio fim e financiar a transição energética? É nisso que acredita o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defende a exploração de petróleo na Margem Equatorial, uma região situada próxima da Foz do Rio Amazonas.

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Para Lula, esse objetivo não é incompatível com suas ambições de transformar o maior país da América Latina em uma referência mundial na luta contra a mudança climática, faltando um mês para a COP30, que será realizada em Belém, no Pará.

"O mundo ainda não está preparado para viver sem o petróleo", disse o presidente em um podcast.

"Eu sou contra o combustível fóssil, quando a gente puder prescindir dele. Enquanto a gente não puder [...] É com o dinheiro do petróleo que a gente vai conseguir fazer o biocombustível, o etanol, o hidrogênio verde e outras coisas mais", afirmou ele no início deste ano.

O Brasil é o oitavo maior produtor global de petróleo e Lula quer que a Petrobras seja "a maior empresa de petróleo do mundo".

Além disso, insta os líderes mundiais a intensificarem a luta contra o aquecimento e prometeu desmatamento zero até 2030.

Os críticos dizem que a posição do presidente é contraditória. Outros a consideram pragmática.

"Cada vez mais está ficando claro que os países emergentes [...] não poderão contar com os países desenvolvidos para financiarem a agenda de adaptação à mudança do clima", disse Jorge Arbache, professor de economia da Universidade de Brasília (UnB).

"É muito mais difícil você impor a um país como o Brasil, ele não retirar um petróleo [...], do que você falar a mesma coisa para Noruega, que já ficou rica", acrescentou.

Para Arbache, a pergunta deveria ser como usar esse petróleo "e dentro de que parâmetros ambientais".

- 'Equívoco histórico' -

O paradoxo fica especialmente evidente no litoral norte do país, onde um braço com centenas de quilômetros de água doce e barrenta do Amazonas, o rio mais caudaloso do mundo, desemboca no Oceano Atlântico, um encontro que é visível do espaço.

Depois que uma licença para a exploração de petróleo nessa região foi negada em 2023, a Petrobras superou recentemente uma prova-chave exigida pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

A companha afirmou em comunicado que espera receber logo a autorização, mesmo se for necessário reformular parcialmente o seu plano de proteção da fauna em caso de um derramamento de petróleo.

A Petrobras espera encontrar novas jazidas na Margem Equatorial, uma enorme área marítima próxima da Foz do Amazonas e onde a Guiana emergiu como um importante produtor de petróleo em menos de uma década, após a descoberta de grandes reservas.

A gigante estatal estima que seria "improvável" um vazamento de petróleo nessa região alcançar a costa e que não haveria "impacto direto" nas comunidades indígenas.

"Não existe petróleo sustentável, ponto", indicou à AFP Suely Araújo, ex-presidente do Ibama e coordenadora da ONG Observatório do Clima.

"A gente está em plena crise climática, com um monte de eventos extremos e a opção por continuar indefinidamente aumentando a produção de petróleo é um grande equívoco, um equívoco histórico", frisou.

- Exportar o problema -

Se a Petrobras encontrar petróleo na Foz do Amazonas, o novo bloco poderia demorar uma década para entrar em produção.

A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) prevê uma queda na demanda de petróleo a partir de 2030, por isso, seguir perfurando é economicamente arriscado, estimou Suely Araújo.

Ademais, as receitas provenientes do petróleo não demonstraram ser capazes de solucionar os "problemas sociais" do país, ressaltou.

O Tribunal de Contas da União (TCU) advertiu este ano sobre "severas disfunções" na distribuição dos royalties das receitas do petróleo, que se multiplicaram por 40 entre 2000 e 2022.

O Brasil é um dos maiores emissores de gases do efeito estufa, embora sua matriz energética seja predominantemente renovável.

Quase metade das emissões se devem ao desmatamento e outros 25% à indústria agropecuária, disse Felipe Barcellos e Silva, pesquisador do Instituto de Energia e Ambiente.

Segundo cálculos de Shigueo Watanabe Jr., especialista do Instituto ClimaInfo, a queima das reservas estimadas na Margem Equatorial poderia representar lançamento de mais 2,5 bilhões de toneladas de CO₂ na atmosfera, mais que as emissões brasileiras de todo um ano.

É uma "incoerência falar de uma transição aliada à destruição", opinou a ambientalista Neidinha Suruí, que dedicou décadas à proteção das terras indígenas.

"O que o presidente está fazendo é ajudando a pressionar o clima e a destruição do Planeta. Espero que ele mude a atitude", disse ela à AFP.

K.Tanaka--JT